Motivação: melhores estratégias para atingir suas metas
Autor: Felipe Nassau
Postado por: jr.cézar Data: 03/05/2012.
Resumo em tópicos
- O primeiro passo é determinar o que é
motivação.
- Estabelecimento de metas acordadas reais e
desafiadoras de curto, médio e longo prazo são fundamentais para manter a
motivação.
- Reavaliar as metas e a motivação é
fundamental.
- Situações como esportes coletivos ou
individuais, fases da vida ou estilo do treinador influenciam na motivação.
- Convívio social e lazer saudáveis são
fundamentais à satisfação pessoal, logo, favorecem a manutenção da
motivação.
- O treinador costuma ser fonte de espelhamento
para o aluno ou atleta, logo, um treinador que não é exemplo de motivação
pode promover desmotivação.
- Um treinador que permite que sua postura seja
afetada por problemas pessoais pode fazer o atleta interpretar que não
está cumprindo as metas, gerando desmotivação.
- Um canal de comunicação aberto entre treinador
e aluno é fundamental para que os planejamentos sejam reajustados.
- Atribuir frustrações à falta de competência
podem reduzir motivação.
- O reforço positivo é importante para a
manutenção da tarefa, porém, pessoas mais egocêntricas costumam necessitar
de reforços negativos para se sentirem desafiadas.
- Pessoas mais orientadas às metas têm mais
êxito em estratégias motivacionais que pessoas mais direcionadas ao
resultado.
Introdução
Motivação
talvez seja a chave para boa parte das conquistas em nossa vida, mas uma das
maiores dificuldades começa em definir o que seria motivação. Considerando a
semântica da palavra, motivação deve estar relacionado com “qual a motriz para
realizar uma determinada ação”. Para Sage (1) seria “a direção e intensidade em
que aplicamos nosso esforço”. Muitas vezes a motivação é confundida com o
conceito de autoderterminação, que para Gill (2000) é a capacidade de lutar
pelo sucesso, persistir em face ao fracasso e experimentar o orgulho da
realização, sem deixar de olhar para novas metas e tarefas. Talvez
seja essa a definição mais adequada e completa.
Definições
vagas de motivação, como dizer que é ou não motivado, que tal tarefa o motiva
ou não, ou confundir motivação com vontade de realizar uma tarefa, pode
promover o fracasso de estratégias motivacionais.
Estabelecimento de
metas
O
primeiro passo para buscar motivação é estabelecer metas a serem cumpridas,
definir a necessidade de esforço para atingi-las e prever as dificuldades que
aparecerão, assim, o indivíduo estará psicologicamente mais preparado para o
treinamento se isso ocorrer sob um ambiente motivador.
Tais metas devem ser
desafiadoras o suficiente para necessitar esforço e superação, porém,
possíveis, evitando frustrações, caso não sejam alcançadas. Este conceito é
coerente com um dos maiores teóricos da psicologia, Vygotsky, quando propôs o
modelo das zonas proximais de desenvolvimento (ZDP’s). Neste modelo, metas
muito fáceis também são contrárias à motivação.
Para
traçar uma boa estratégia devem ser considerados a personalidade da pessoa,
suas necessidades, interesse em cumprir metas e quais são seus reais objetivos.
Sendo assim, além de desafiadoras e possíveis, as metas devem ser acordadas,
assim como as estratégias e intervenção. O estilo do treinador, as condições
das instalações e o resultado obtido também são fundamentais para manter-se
motivado. Sabe-se (sorrentino e sheppard, 78) que pessoas mais orientadas à
aprovação social, o que é conhecido como egoaproximação, obtém melhores
resultados na execução das mesmas tarefas quando as executam em grupo e também
que pessoas com medo de rejeição, ou egoevitação, se saem melhor quando as
executam sozinhas, pois há redução da ansiedade.
Pessoas
em diferentes fases da vida tendem a buscar atividades com características
diferentes. Enquanto crianças buscam mais desafios e desenvolvimento de
habilidades, adultos jovens tendem a buscar saúde e bem-estar, mas ainda com
uma grande necessidade de auto-afirmação social. (Gill, 2000; Theodorakis e
Gargalianos, 2003). Aparentemente, essa preocupação com o ego tende a ser
reduzida com o envelhecimento (Steinberg col, 2000). Além disso, a prática do
exercício pode ocorrer devido a pressões sociais, pela necessidade de ocupar o
tempo (Dwyer, 92) e pode variar, também, de acordo com a cultura local (Yan ,
McCullagh, 2000).
Pontos de controle
Um
ponto importante é sempre reavaliar se as metas individuais continuam as mesmas
após algum tempo de prática e buscar qual o melhor método de trabalho. Alternar
fases de treinamento real com estratégias recreativas pode melhorar a
persistência, assim como bons resultados são essenciais para manter um ambiente
motivante. Deve ser levado em consideração que por mais focado e competente que
for o atleta ou aluno, a convivência social e os momentos de lazer são
fundamentais para a satisfação pessoal, então, privá-lo dessas experiências
pode piorar o quadro motivacional, e assim, o rendimento. Vale lembrar que o
sono e a manutenção de hábitos saudáveis é essencial ao desenvolvimento, logo,
o convívio social e o lazer não podem ser contrários às metas de treinamento,
tornando-se fundamental individualizar a intervenção, modulando a forma de
atuação de acordo com as metas e capacidades.
Postura como
influência
Pessoas
significativas exercem muita influência sobre nossas atitudes (Weinberg e
Gould, 2008). O treinador tende a ser alguém em que o atleta ou aluno se
espelha e evita ao máximo decepcionar. Logo, uma postura coerente com a lógica
esportiva do professor é indispensável à motivação, mostrando que é possível
estabelecer estratégias para atingir metas, independente do grau de dificuldade
(Theodorakis e Gargalianos, 2003). Uma postura negativa do professor em função
de problemas pessoais durante o treinamento pode levar o aluno a entender que
não se esforçou o suficiente ou que não cumpriu a meta, podendo desmotivá-lo.
Sendo assim, a mudança de comportamento do treinador, assumindo uma imagem de
profissional do esporte e não deixando transparecer seus problemas pessoais, é
uma estratégia fundamental à motivação.
Atribuições
A
avaliação periódica do cumprimento das metas é essencial na jornada psicológica
do desenvolvimento físico. As atribuições do sucesso ou fracasso devem ser
objetivas, apontando onde estão os erros e acertos do treinamento e refazendo o
planejamento. É também fundamental a ética ao traçar objetivos reais e
atingíveis, evitando desapontamentos futuros. Comparações com fases anteriores individuais
são mais adequadas do que comparações com indivíduos diferentes. (Duda e Hall,
2001; Dweck, 88)
Social
Deve-se
observar a motivação social contida nos esportes. Muitos buscam o esporte como
meio de se inserir em algum grupo e não de atingir objetivos físicos pontuais.
Esse canal de comunicação deve ser aberto o suficiente para que o treinador não
seja exigente demais e para que o aluno saiba que não terá os resultados
almejados se não se engajar na batalha psicológica pelo desenvolvimento físico
(Allen, 2003).
Orientação ao
resultado x orientação à tarefa
É
comum buscar o esporte para atingir objetivos físicos, porém, muitos não estão
interessados em cumprir as tarefas necessárias para isso, como treinamento,
dieta e sono (sono parte 1, parte 2).
Em médio e longo prazo isso levará a resultados insatisfatórios. A orientação
voltada ao resultado comumente está relacionada a pensamentos negativos sobre
si mesmo perante fracassos (Weinberg e Gould, 2008), além de buscarem métodos
compensatórios normalmente efêmeros como “dietas da moda”, suplementos e
medicamentos não prescritos. Enquanto atmosferas voltadas ao cumprimento das
tarefas tem se mostrado mais efetivas em atingir os objetivos, além de
induzirem menor estresse (Weinberg e Gould, 2008). Traduzindo para o esporte
cotidiano, as pessoas que buscarem o esporte com o objetivo de melhorarem o
corpo tendem a ter melhores resultados quando entram no universo esportivo com
a motivação para cumprir o melhor possível nos treinos, em vez de ficarem
obcecadas pelos resultados e cumprindo incompletamente o treinamento.
Reforço positivo x
reforço negativo
Dependendo
do perfil do aluno ou atleta, as intervenções motivacionais devem ser
diferenciadas. Enquanto indivíduos mais egocêntricos suportam melhor as
críticas, indivíduos com menos auto-estima respondam melhor aos reforços positivos.
Logo, o treinador deve dominar esses conceitos para o sucesso da estratégia
motivacional.
Considerações finais
O
esporte pode servir de várias maneiras para o desenvolvimento humano seja nas
esferas físicas, cognitivas, afetivas ou sociais. Logo, dependendo das metas
individuais, devem ser traçadas estratégias de curto, médio e longo prazo para
o cumprimento do objetivo. Essas além de precisarem ser reavaliadas
constantemente, também precisam ser devidamente acordadas entre treinador e
aluno/atleta, e para isso é fundamental um canal de diálogo suficientemente
aberto.
Em
metas físicas, seja no desempenho ou na melhora do corpo, é necessário um
grande esforço e persistência, e quase sempre, mudanças de hábitos. A
psicologia do esporte tem demonstrado que atmosferas voltadas à tarefa são mais
efetivas. Isso nada mais é que aprender a gostar do que deve ser feito. Deste
modo, o treinamento passa a ser prazeroso em vez de ser um agente estressor e
cumprindo um ciclo virtuoso que pode ser muito influenciado pela intervenção do
professor, através da estratégia motivacional e do exemplo pessoal de
motivação.
Assim como fases
recuperativas são essenciais ao desenvolvimento físico, elementos lúdicos podem
ser inseridos nessas fases visando reduzir o estresse psicológico. O convívio
social e familiar, sendo motivos de satisfação pessoal devem ser mantidos e
respeitados.
Intervenções
psicológicas podem ser a chave para a motivação, mas para isso é necessário
saber como e quando e a quem criticar ou elogiar, como se comportar e,
principalmente, manter um canal de diálogo sincero entre aluno/atleta e
professor/treinador, pois as metas são mutáveis a todo o tempo e para cada nova
meta são necessárias novas intervenções e exigências que só o educador físico
com conhecimento aprofundado da psicologia do esporte saberá como realizar.
Referências:
- Sage, G. Introduction to motor behavior: a
neuropsychological approach. Ed. 2, (1977.
- Gill, D. Psychological dynamics of sport and exercise. Champaign, IL:
Human Kinetics, 2000.
- Sorrentino, R.M.; Sheppard, B.H. Effects of
affiliationrelated motives on swimmers in individual versus group
competition: a field experiment. Journal of Personality and social
psychology, 36 (7), 704-714, 1978.
- Theodorakis, L.N.; Gargalianos, D.G. The
importance of internal and external motivaction factors in physical
education and sport. International Journal of Physical Education. 40 (1),
21-26, 2003.
- Steinberg, G.; Grieve, F.G; Glass, B.
Achievement goals across the lifespan. Jpurnal of Sport Behavior, 23,
298-306, 2000.
- Dwyer, J.J.M. Informal structure of
participation motivation quetionnaire competed by undergraduates.
Psychological reports, 70, 283-90, 1992.
- Yan, J.H.; McCullagh, P. Cuçtural influence on
youth’s motivation of participation in physical activity. Journal of sport behavior, 27(4), 378-90,
2004.
- Weinberg,
R.S; Gould, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4 ed,
Artmed, 2008.
- Duda, J.L.; Hall, H. Achievement of goal
theory in sport. Recent extensions and future directions, 2001.
In:
Weinberg, R.S; Gould, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do
exercício. 4
ed, Artmed, 2008.
- Dweck, C.S. Motivational processes affecting
learning. American Psychologist, 41, 1040-48, 1986.



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