quinta-feira, 3 de maio de 2012

MOTIVAÇÃO


Motivação: melhores estratégias para atingir suas metas

Autor: Felipe Nassau
Postado por: jr.cézar                                   Data: 03/05/2012.
Resumo em tópicos
  • O primeiro passo é determinar o que é motivação.
  • Estabelecimento de metas acordadas reais e desafiadoras de curto, médio e longo prazo são fundamentais para manter a motivação.
  • Reavaliar as metas e a motivação é fundamental.
  • Situações como esportes coletivos ou individuais, fases da vida ou estilo do treinador influenciam na motivação.
  • Convívio social e lazer saudáveis são fundamentais à satisfação pessoal, logo, favorecem a manutenção da motivação.
  • O treinador costuma ser fonte de espelhamento para o aluno ou atleta, logo, um treinador que não é exemplo de motivação pode promover desmotivação.
  • Um treinador que permite que sua postura seja afetada por problemas pessoais pode fazer o atleta interpretar que não está cumprindo as metas, gerando desmotivação.
  • Um canal de comunicação aberto entre treinador e aluno é fundamental para que os planejamentos sejam reajustados.
  • Atribuir frustrações à falta de competência podem reduzir motivação.
  • O reforço positivo é importante para a manutenção da tarefa, porém, pessoas mais egocêntricas costumam necessitar de reforços negativos para se sentirem desafiadas.
  • Pessoas mais orientadas às metas têm mais êxito em estratégias motivacionais que pessoas mais direcionadas ao resultado.



Introdução
            Motivação talvez seja a chave para boa parte das conquistas em nossa vida, mas uma das maiores dificuldades começa em definir o que seria motivação. Considerando a semântica da palavra, motivação deve estar relacionado com “qual a motriz para realizar uma determinada ação”. Para Sage (1) seria “a direção e intensidade em que aplicamos nosso esforço”. Muitas vezes a motivação é confundida com o conceito de autoderterminação, que para Gill (2000) é a capacidade de lutar pelo sucesso, persistir em face ao fracasso e experimentar o orgulho da realização,  sem deixar de olhar para novas metas e tarefas. Talvez seja essa a definição mais adequada e completa.
            Definições vagas de motivação, como dizer que é ou não motivado, que tal tarefa o motiva ou não, ou confundir motivação com vontade de realizar uma tarefa, pode promover o fracasso de estratégias motivacionais.
Estabelecimento de metas
            O primeiro passo para buscar motivação é estabelecer metas a serem cumpridas, definir a necessidade de esforço para atingi-las e prever as dificuldades que aparecerão, assim, o indivíduo estará psicologicamente mais preparado para o treinamento se isso ocorrer sob um ambiente motivador.
Tais metas devem ser desafiadoras o suficiente para necessitar esforço e superação, porém, possíveis, evitando frustrações, caso não sejam alcançadas. Este conceito é coerente com um dos maiores teóricos da psicologia, Vygotsky, quando propôs o modelo das zonas proximais de desenvolvimento (ZDP’s). Neste modelo, metas muito fáceis também são contrárias à motivação.
            Para traçar uma boa estratégia devem ser considerados a personalidade da pessoa, suas necessidades, interesse em cumprir metas e quais são seus reais objetivos. Sendo assim, além de desafiadoras e possíveis, as metas devem ser acordadas, assim como as estratégias e intervenção. O estilo do treinador, as condições das instalações e o resultado obtido também são fundamentais para manter-se motivado. Sabe-se (sorrentino e sheppard, 78) que pessoas mais orientadas à aprovação social, o que é conhecido como egoaproximação, obtém melhores resultados na execução das mesmas tarefas quando as executam em grupo e também que pessoas com medo de rejeição, ou egoevitação, se saem melhor quando as executam sozinhas, pois há redução da ansiedade.
            Pessoas em diferentes fases da vida tendem a buscar atividades com características diferentes. Enquanto crianças buscam mais desafios e desenvolvimento de habilidades, adultos jovens tendem a buscar saúde e bem-estar, mas ainda com uma grande necessidade de auto-afirmação social. (Gill, 2000; Theodorakis e Gargalianos, 2003). Aparentemente, essa preocupação com o ego tende a ser reduzida com o envelhecimento (Steinberg col, 2000). Além disso, a prática do exercício pode ocorrer devido a pressões sociais, pela necessidade de ocupar o tempo (Dwyer, 92) e pode variar, também, de acordo com a cultura local (Yan , McCullagh, 2000).
Pontos de controle
            Um ponto importante é sempre reavaliar se as metas individuais continuam as mesmas após algum tempo de prática e buscar qual o melhor método de trabalho. Alternar fases de treinamento real com estratégias recreativas pode melhorar a persistência, assim como bons resultados são essenciais para manter um ambiente motivante. Deve ser levado em consideração que por mais focado e competente que for o atleta ou aluno, a convivência social e os momentos de lazer são fundamentais para a satisfação pessoal, então, privá-lo dessas experiências pode piorar o quadro motivacional, e assim, o rendimento. Vale lembrar que o sono e a manutenção de hábitos saudáveis é essencial ao desenvolvimento, logo, o convívio social e o lazer não podem ser contrários às metas de treinamento, tornando-se fundamental individualizar a intervenção, modulando a forma de atuação de acordo com as metas e capacidades.



Postura como influência
            Pessoas significativas exercem muita influência sobre nossas atitudes (Weinberg e Gould, 2008). O treinador tende a ser alguém em que o atleta ou aluno se espelha e evita ao máximo decepcionar. Logo, uma postura coerente com a lógica esportiva do professor é indispensável à motivação, mostrando que é possível estabelecer estratégias para atingir metas, independente do grau de dificuldade (Theodorakis e Gargalianos, 2003). Uma postura negativa do professor em função de problemas pessoais durante o treinamento pode levar o aluno a entender que não se esforçou o suficiente ou que não cumpriu a meta, podendo desmotivá-lo. Sendo assim, a mudança de comportamento do treinador, assumindo uma imagem de profissional do esporte e não deixando transparecer seus problemas pessoais, é uma estratégia fundamental à motivação.
Atribuições
            A avaliação periódica do cumprimento das metas é essencial na jornada psicológica do desenvolvimento físico. As atribuições do sucesso ou fracasso devem ser objetivas, apontando onde estão os erros e acertos do treinamento e refazendo o planejamento. É também fundamental a ética ao traçar objetivos reais e atingíveis, evitando desapontamentos futuros. Comparações com fases anteriores individuais são mais adequadas do que comparações com indivíduos diferentes. (Duda e Hall, 2001; Dweck, 88)
Social
            Deve-se observar a motivação social contida nos esportes. Muitos buscam o esporte como meio de se inserir em algum grupo e não de atingir objetivos físicos pontuais. Esse canal de comunicação deve ser aberto o suficiente para que o treinador não seja exigente demais e para que o aluno saiba que não terá os resultados almejados se não se engajar na batalha psicológica pelo desenvolvimento físico (Allen, 2003).
Orientação ao resultado x orientação à tarefa
            É comum buscar o esporte para atingir objetivos físicos, porém, muitos não estão interessados em cumprir as tarefas necessárias para isso, como treinamento, dieta e sono (sono parte 1parte 2). Em médio e longo prazo isso levará a resultados insatisfatórios. A orientação voltada ao resultado comumente está relacionada a pensamentos negativos sobre si mesmo perante fracassos (Weinberg e Gould, 2008), além de buscarem métodos compensatórios normalmente efêmeros como “dietas da moda”, suplementos e medicamentos não prescritos. Enquanto atmosferas voltadas ao cumprimento das tarefas tem se mostrado mais efetivas em atingir os objetivos, além de induzirem menor estresse (Weinberg e Gould, 2008). Traduzindo para o esporte cotidiano, as pessoas que buscarem o esporte com o objetivo de melhorarem o corpo tendem a ter melhores resultados quando entram no universo esportivo com a motivação para cumprir o melhor possível nos treinos, em vez de ficarem obcecadas pelos resultados e cumprindo incompletamente o treinamento.
Reforço positivo x reforço negativo
            Dependendo do perfil do aluno ou atleta, as intervenções motivacionais devem ser diferenciadas. Enquanto indivíduos mais egocêntricos suportam melhor as críticas, indivíduos com menos auto-estima respondam melhor aos reforços positivos. Logo, o treinador deve dominar esses conceitos para o sucesso da estratégia motivacional.



Considerações finais
            O esporte pode servir de várias maneiras para o desenvolvimento humano seja nas esferas físicas, cognitivas, afetivas ou sociais. Logo, dependendo das metas individuais, devem ser traçadas estratégias de curto, médio e longo prazo para o cumprimento do objetivo. Essas além de precisarem ser reavaliadas constantemente, também precisam ser devidamente acordadas entre treinador e aluno/atleta, e para isso é fundamental um canal de diálogo suficientemente aberto. 
            Em metas físicas, seja no desempenho ou na melhora do corpo, é necessário um grande esforço e persistência, e quase sempre, mudanças de hábitos. A psicologia do esporte tem demonstrado que atmosferas voltadas à tarefa são mais efetivas. Isso nada mais é que aprender a gostar do que deve ser feito. Deste modo, o treinamento passa a ser prazeroso em vez de ser um agente estressor e cumprindo um ciclo virtuoso que pode ser muito influenciado pela intervenção do professor, através da estratégia motivacional e do exemplo pessoal de motivação.
Assim como fases recuperativas são essenciais ao desenvolvimento físico, elementos lúdicos podem ser inseridos nessas fases visando reduzir o estresse psicológico. O convívio social e familiar, sendo motivos de satisfação pessoal devem ser mantidos e respeitados.
Intervenções psicológicas podem ser a chave para a motivação, mas para isso é necessário saber como e quando e a quem criticar ou elogiar, como se comportar e, principalmente, manter um canal de diálogo sincero entre aluno/atleta e professor/treinador, pois as metas são mutáveis a todo o tempo e para cada nova meta são necessárias novas intervenções e exigências que só o educador físico com conhecimento aprofundado da psicologia do esporte saberá como realizar.
Referências:
  • Sage, G. Introduction to motor behavior: a neuropsychological approach. Ed. 2, (1977.
  • Gill, D. Psychological dynamics of sport and exercise. Champaign, IL: Human Kinetics, 2000.
  • Sorrentino, R.M.; Sheppard, B.H. Effects of affiliationrelated motives on swimmers in individual versus group competition: a field experiment. Journal of Personality and social psychology, 36 (7), 704-714, 1978.
  • Theodorakis, L.N.; Gargalianos, D.G. The importance of internal and external motivaction factors in physical education and sport. International Journal of Physical Education. 40 (1), 21-26, 2003.
  • Steinberg, G.; Grieve, F.G; Glass, B. Achievement goals across the lifespan. Jpurnal of Sport Behavior, 23, 298-306, 2000.
  • Dwyer, J.J.M. Informal structure of participation motivation quetionnaire competed by undergraduates. Psychological reports, 70, 283-90, 1992.
  • Yan, J.H.; McCullagh, P. Cuçtural influence on youth’s motivation of participation in physical activity. Journal of sport behavior, 27(4), 378-90, 2004.
  • Weinberg, R.S; Gould, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4 ed, Artmed, 2008.
  • Duda, J.L.; Hall, H. Achievement of goal theory in sport. Recent extensions and future directions, 2001. In: Weinberg, R.S; Gould, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4 ed, Artmed, 2008.
  • Dweck, C.S. Motivational processes affecting learning. American Psychologist, 41, 1040-48,  1986.
Allen, J.B. Social motivation in youth Sports. Journal of sport and exercise psychology, 25, 551-567.





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